Humanidades

Uma superpotaªncia a¡gil: os vários papanãis da China na áfrica e no artico
Em breve, a China seráa maior economia do mundo e muitos dos 1,4 bilha£o de habitantes dopaís estãoexperimentando um aumento real no padrãode vida.
Por UiT The Arctic University of Norway - 19/03/2021


Colaboração internacional liderada pela Administração artica e Anta¡rtica Chinesa (CHINARE). Crédito: Timo Palo / CC BY-SA 3.0

a‰ como se a China fossem doispaíses completamente diferentes, se olharmos como eles aparecem em dois casos tão diferentes como a áfrica e o artico, diz Christer Henrik Pursiainen, professor do Departamento de Tecnologia e Segurança da UIT Universidade artica da Noruega .

De acordo com Pursiainen, não éapenas a diferença de temperatura que separa a áfrica do artico. Tambanãm oferece uma boa oportunidade para examinar mais de perto como a China se adapta a duas situações completamente diferentes e como eles usam manãtodos amplamente diferentes para ganhar influaªncia.

Junto com os professores Rasmus Gjedssa¸ Bertelsen da UiT e Chris Alden da London School of Economics, ele publicou o artigo "O artico e a áfrica na Pola­tica Externa da China: Qua£o diferentes são e o que isso nos diz?" na revista Arctic Review on Law and Politics .

Crescimento econa´mico proporciona calma

Em breve, a China seráa maior economia do mundo e muitos dos 1,4 bilha£o de habitantes dopaís estãoexperimentando um aumento real no padrãode vida. A elite dopaís deseja manter o Partido Comunista no poder e para garantir a paz interior e a estabilidade, eles devem garantir o crescimento econa´mico conta­nuo.

“Esse émuito o motivo pelo qual a China estãoaumentando sua presença global. Para garantir a legitimidade do Partido Comunista, o crescimento econa´mico deve ser mantido. O pior pesadelo da China éque o que aconteceu na Unia£o Sovianãtica também acontecera¡ la¡â€, disse Pursiainen.

Para garantir o crescimento econa´mico, a China étotalmente dependente do comanãrcio internacional . Eles são os maiores importadores mundiais de matérias-primas e energia e são a maior nação comercial do mundo. A grande maioria desse comanãrcio éfeito por mar e, portanto, éabsolutamente crucial garantir e fortalecer o transporte de mercadorias e servia§os.

A China, portanto, em 2013, deu ini­cio ao que gradualmente se tornou conhecido como Belt and Road Initiative. Como uma moderna rota da seda, o comanãrcio e o caminho para se tornar a maior superpotaªncia do mundo sera£o aumentados por meio de um investimento macia§o no desenvolvimento de rotas comerciais e infraestrutura em grandes partes do mundo.

"A China sabe muito bem que lenta mas seguramente se tornara¡ a principal superpotaªncia nos pra³ximos 100 anos. Isso são pode ser adiado pelos Estados Unidos, mas acho que a chance de isso acontecer épequena. Os Estados Unidos chegaram ao seu século." diz Pursiainen.
 
Ele ressalta que a China não tem pressa e que eles podem ter uma percepção do tempo diferente da dos pola­ticos da maioria dospaíses ocidentais.

"Os lideres chineses são eleitos vitala­cios. E os chineses olham para 50-100 anos a  frente no tempo e milhares de anos atrás. Eles sabem que tem sido uma grande potaªncia - e sera£o novamente", diz ele.

Um estado de aprendizagem

A China gradualmente começou sua presença na áfrica já em meados da década de 1950. No ina­cio, modestamente, mas hoje a China éo maior parceiro comercial da áfrica, avaliado em US $ 204 bilhaµes em 2018. A fraca governana§a e o pouco controle internacional deram a  China grande flexibilidade em como se posicionar na áfrica.

"A China éum estado de aprendizagem e eles começam suas relações com a áfrica hámuito tempo. Eles começam gradualmente a investir e hoje a áfrica éum grande tomador de empréstimos. A China se tornou um fator de poder em toda a áfrica e as empresas e migrantes chineses se estabeleceram em todo o continente em telecomunicações, portos, fa¡bricas de automa³veis, pequenas fazendas e lojas ", diz Pursiainen.

Ele acredita que uma das razões pelas quais a China ganhou tanta influaªncia e aceitação nos váriospaíses africanos éque eles são abertos sobre a intenção de não exportar o comunismo e que, em princa­pio, não interferem na pola­tica nacional. Isso tornou mais fa¡cil para os chefes de Estado deixa¡-los entrar em seuspaíses.

Com o tempo, grandes investimentos chineses criaram uma relação de dependaªncia.

"Tornou-se um relacionamento em que muitospaíses africanos se tornaram dependentes do apoio chinaªs - e mais especificamente de empresas e pessoas chinesas", diz Pursiainen.

Deve garantir seus pra³prios investimentos

Para garantir a estabilidade nas áreas da áfrica em que operam e para garantir os fluxos de comanãrcio e investimentos, a China estãoescolhendo um manãtodo comprovado.

"Eles usam as mesmas ta¡ticas dos Estados Unidos, com o estabelecimento de bases militares, contribuem com forças de manutenção da paz para a ONU e a Unia£o Africana (UA) e tem várias empresas de segurança 'privadas', que estãosubordinadas a  Partido Comunista ", diz Pursiainen.

Em 2015, os chineses estabeleceram sua primeira, e atéagora única, base militar em Djibouti, no Chifre da áfrica. A base tem cerca de 10.000 soldados e estãointimamente ligada a um grande projeto portua¡rio nas proximidades. Embora afirmem que esta éprincipalmente uma base loga­stica e de defesa contra a pirataria na área, isso da¡ a s autoridades chinesas uma presença militar significativa e uma visão geral completa de todo o tra¡fego de navios atravanãs do Mar Vermelho e do Golfo de Aden.

“Eles afirmam que estãola¡ para ajudar e garantir a estabilidade, mas esta éuma maneira de a China se tornar uma superpotaªncia global”, diz Pursiainen.

Além disso, a China tem vários acordos com váriospaíses africanos no que diz respeito a  venda de armas, exerca­cios militares e outras formas de cooperação.

O artico

Amedida que a China ganhou uma voz mais forte na pola­tica internacional nos últimos anos, eles também voltaram sua atenção e interesse para o artico e as oportunidades que la¡ existem.

A motivação éa mesma - garantir crescimento econa´mico e influaªncia. Mas a abordagem que a China escolhe écompletamente diferente. Embora tenham conseguido se firmar devido aos estados fracos e um sistema de governo pouco desenvolvido na áfrica, a situação bem diferente no norte. O artico écercado porpaíses desenvolvidos com leis e regulamentos estabelecidos e éuma área que recebe muito mais atenção internacional.

Isso significa que a China deve buscar influaªncia por outros meios.

“A pola­tica externa chinesa émuito adapta¡vel e flexa­vel. Eles são muito bons nisso. A China se definiu como umpaís pra³ximo ao artico. Claro que não, mas ainda afirmam que estãocerto. E o que observamos éque enquanto a China segue regras existentes no artico, eles estãotrabalhando ativamente para influencia¡-las e muda¡-las a seu favor ", disse Pursiainen.

A China estãofazendo isso por meio de um amplo envolvimento em organizações globais, onde já tem uma cadeira importante. Isso se aplica, por exemplo, a s Nações Unidas, onde estãotentando influenciar o uso futuro do artico por meio da Convenção sobre o Direito do Mar e da Organização Mara­tima Internacional (OMI).

O mesmo se aplica ao Conselho do artico. Depois de obter um papel ad-hoc como observador em 2007, a China trabalhou com determinação para ganhar um papel mais permanente no Conselho. Apesar do ceticismo de Canada¡, Raºssia e EUA, eles finalmente ganharam um lugar permanente como observadores em 2013. Embora isso não daª a  China um papel ativo nas decisaµes tomadas, eles podem participar legitimamente de o debate sobre o futuro do artico.

Importante com leis e regulamentos

Embora a China afirme que, com o aumento da presença no artico, eles podem alcana§ar situações ganha-ganha para todos os envolvidos, aqueles que estãopesquisando isso estãodivididos. Alguns apertam o botão de alarme, alguns são moderados, enquanto outros prevaªem um efeito mais positivo da entrada da China no artico.

Embora o investimento chinaªs tenha, atécerto ponto, sido bem recebido pelospaíses ao redor do artico, muitos estãopreocupados com a influaªncia econa´mica e pola­tica que pode acompanhar esses investimentos.

"Se quisermos aprender com essa comparação entre dois continentes tão diferentes como a áfrica e o artico, então deve ser que éimportante garantir e manter instituições regionais e nacionais fortes, com base em leis e regulamentos. Isso ira¡ neutralizar qualquer coisa negativa aspectos do maior envolvimento chinaªs ", diz Pursiainen.

Ele ressalta que éfundamental garantir que a China não use seus maºsculos econa´micos para firmar acordos compaíses em situação de vulnerabilidade. Isso criara¡ uma relação de dependaªncia, como visto em algunspaíses africanos, onde a China ganha muito poder.

“O que estamos tentando dizer éque devemos ficar felizes com o fato de a China estar investindo, também no artico. Mas devemos estar vigilantes e não permitir que eles estabelea§am suas próprias regras”, diz Pursiainen.

 

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